sábado, 10 de setembro de 2011

HORIZONTE PERDIDO

HORIZONTE PERDIDO
CRÔNICA

Por C. Rodrigues

Que me desculpe James Hilton, mas Shangri-la mudou. A ambição humana destruiu o ideal de paz e sabedoria. O país saiu do subdesenvolvimento, foi colonizado, adotou hábitos de consumo ianque e tornou-se uma potência emergente. Para tal, sua população paga um alto preço, principalmente pela pecha de país com o povo mais feliz do mundo.

O maior traficante de Shangri-la chama-se Serginho Beira-mar. Seus negócios são da ordem de R$ 50 bilhões. Ele trafica influência – a droga mais letal que existe - e o resultado é a isenção tributária aos amigos e companheiros. O maior ladrão de Shangri-la chama-se Ribamar. Um neo-lampião investido de poder pelos fracos e oprimidos, um Robin Hood às avessas, que tira cada vez mais do pobre e enriquece cada vez mais seus pares.

A maior organização criminosa desse país é um partido político, fruto da organização de trabalhadores descontentes e que hoje mata, rouba, desvia verbas e se perpetua no poder criando mecanismos para iludir um povo sem educação, alimentação e saúde básicas, reféns de bolsas-esmolas e cartilhas educacionais que desensinam, repletas de ideologias e versões. A maior estupidez deste país é o slogan “sou nativo de Shangri-la, não desisto nunca”! Desiste do quê?

Quem sai às ruas para protestar sobre algo realmente relevante?

Quem realmente sabe quais são seus direitos e principalmente, suas obrigações?

Quem sabe o nome dos candidatos em que votou na última eleição?

Shangri-la não é mais um reino, é uma Republica Federativa. Um país que assalta e assassina seus turistas internacionais e que trata assaltantes e assassinos internacionais como turistas. Shangri-la em breve sediará uma Copa do mundo de futebol e uma Olimpíada e para “não passar vergonha”, está criando o Regime Diferenciado de Contratações – RDC, um alvará que permite gastar-se como e quanto quiser verbas públicas sem prestar contas, já que o tempo urge! Ademais, mesmo tendo grande parte de seus nativos vivendo abaixo da linha da pobreza, faz doações e perdoa dívidas de nações vizinhas e de nações “amigas”. Um país singular, talvez único que evolui e involui ao mesmo tempo.

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