quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

GARIBALDI ALVES (PMDB) MAIS DE UM MILHÃO DE VOTOS NO RN REELEITO SENADOR SERÁ O NOVO MINISTRO DA PREVIDENCIA

Garibaldi Filho afirma que ainda não sabe o tamanho do “rombo” da Previdência Social - Foto: Renato Araújo/abr

Dilma oficializa convite e Garibaldi aceita ser ministro

Após uma conversa que durou cerca de uma hora, ontem, na Granja do Torto, em Brasília, o senador Garibaldi Alves (PMDB) ouviu da presidenta eleita, Dilma Rousseff (PT), a confirmação de que será o novo ministro da Previdência. O peemedebista foi indicado na última terça-feira (7) pelo partido e é considerado da cota do vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB). Garibaldi disse que o desafio será substancial e que dará a pasta ambos os perfis – o político e o técnico. “Ela me disse que esperava que eu continuasse um trabalho que já está sendo realizado na Previdência, com relação à reforma da gestão da Previdência, no que toca ao fim das filas, pagamento dos benefícios de uma forma mais ágil e esperava que não apenas continuasse isso, mas pudesse melhorar”, afirmou o senador.

Leia o bate papo com o senador Garibaldi clicando embaixo em Mais informações:

O senador afirmou que Dilma Rousseff deve colocá-lo em contato com o atual ministro da pasta, Carlos Eduardo Gabas, para que possa “conhecer melhor a situação”. “Vai ser um desafio, eu acho que estou (preparado). Todos nós temos de um dia responder a um desafio maior”, afirmou o peemedebista.

Segundo ele, não se conversou sobre se o PMDB assumiria a paternidade de outros ministérios. O senador disse que aguarda com tranquilidade o início da gestão a frente da pasta e assinala que a melhor conduta a ser adotada, independente de esta ser política ou técnica é “saber se conduzir diante dos desafios” “Mesmo que você não seja técnico, você chama os técnicos, chama uma boa equipe”, continuou o senador. “O importante é ter na Previdência uma boa equipe e ela (Dilma) me disse com o conhecimento que tem que a Previdência já tem hoje uma boa equipe que vai me ajudar bastante.”

Na terça-feira (8), ao ser anunciado pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB) como o indicado do partido para o cargo, Garibaldi afirmou não gostar da área para a qual estava sendo escolhido. “Não é muito do meu agrado”, disse. Nesta quarta, afirmou que estava disposto a servir ao país.

A previsão é que, com a ida de Garibaldi para a Previdência, a reeleição do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), seja mais tranquila, informou ontem a Agência Estado. Paulo Davim, do PV, assumirá a vaga de Garibaldi. Com isso, a bancada do PMDB cairá de 20 para 19 senadores. “Ele (Paulo) não vai criar problema nenhum no Senado”, garantiu Garibaldi, após se reunir com Dilma ontem à tarde para receber o convite.

Segundo ele, a presidente eleita falou da importância da pasta, mas não conversou sobre o valor do novo salário mínimo. A maioria dos benefícios pagos pela Previdência Social é de um salário mínimo. O novo valor do benefício começa a vigorar em 1º de janeiro.

Bate papo com Garibaldi Filho » Senador

A indicação para ministro da Previdência lhe atrai ou lhe desafia?
Desafia. Porque essa é uma pasta onde o próprio ministério não tem se revelado capaz de enfrentar a problemática da previdência. A despeito de já ter melhorado muito, são avanços que foram registrados ao longo dos anos com relação ao que significavam as filas e a problemática do atendimento do recebimento da aposentadoria. Mas o grave mesmo, o problema crônico e histórico é o déficit da previdência. Isso (o déficit da previdência) não será revertido tão facilmente. É necessário uma reforma que não pode também ser traumática. Esses são alguns dilemas que compõem a história. Agora é preciso dizer que o problema da previdência é tão grave no Brasil quanto na Europa ou em qualquer outro país do mundo.

Então na gestão do senhor no ministério a tão falada reforma da previdência será feita?
Veja, eu vou conversar com a presidente. O desafio quem vai priorizar é ela. Estou pronto para servir ao Governo no cumprimento das diretrizes dela (da presidente Dilma Rousseff). Estou consciente que não é fácil, mas vamos poder fazer um bom trabalho, algo que já vem sendo feito em alguns aspectos pelos ministros que me antecederam. Agora a reforma da previdência será uma decisão a ser tomada pela presidente e por todo governo. Isso porque ela terá repercussão no Governo todo.

O senhor foi, recentemente, presidente do Congresso Nacional. Também já atuou como governador e como senador pelo Rio Grande do Norte. Agora ministro. Seria esse último o seu grande desafio?
Cada desafio é maior do que o outro. E não falo isso como retórica. Posso dizer que esse (o ministério da Previdência) é um desafio pra valer mesmo, um grande desafio.

Davim afirma que defenderá Saúde e Sustentabilidade
Em lugar de Garibaldi Alves – o senador de um milhão de votos que deixará o Congresso Nacional para assumir o Ministério da Previdência – o Rio Grande do Norte terá o médico e deputado estadual Paulo Davim (PV) como um dos três representantes no Senado Federal. Ontem, o parlamentar afirmou que continuará defendendo as bandeiras da Saúde, da Sustentabilidade e as ações já levantadas por Garibaldi Alves. “A primeira é a bandeira da qual eu entrei na vida pública, que é a da Saúde. Essa eu não vou abrir mão de forma alguma. Até porque foi essa luta que eu levei para dentro da Assembleia e quero levar para o Senado”, assinalou Davim.

Ele lembrou também que as questões relativas ao desenvolvimento sustentável estarão sempre presentes como uma maneira, também, de homenagear o seu partido, o PV. “E outra coisa que eu considero importante também é manter o trabalho que o senador Garibaldi está realizando. Pretende sempre estar em consonância com os pensamentos do agora ministro. Nós fizemos campanha juntos, temos afinidades e, portanto, eu tenho esse voto de lealdade a ele. Eu jamais poderia fazer algo sem conversar com o ministro”, enfatizou.

Ele disse que não sabe como conciliar a vida de médico atuante na capital potiguar com a de senador em Brasília. “Ainda não sei como farei para fazer os dois trabalhos. Com calma e sem açodamento vou avaliar esse novo cenário na minha vida com muita responsabilidade”. Paulo Davim disse que embora não mantivesse expectativa de assumir o cargo sempre soube que Garibaldi faz parte de um grupo com condições suficientes “para ser alçado em qualquer cargo da República”. “Pessoas com essa história, mais cedo ou mais tarde, são convocadas para prestarem serviços ao país”, concluiu ele.

Garibaldi é cauteloso ao responder sobre desafios
O senador Garibaldi Alves Filho admitiu ontem que não sabe o tamanho do rombo previdenciário que vai encontrar - “o rombo eu não sei” - e disse, sobre a reforma da Previdência, ser favorável a mudanças de gestão. “A reforma da legislação, isso aí temos de estudar melhor”, disse. Questionado se a Previdência era o ministério que queria, respondeu: “Olhe, como vou ter a pretensão de ter um ministério ideal só pra mim? Não posso”.

Ele comentou também sobre o fator previdenciário, e afirmou ser favorável ao fim da sistemática, mas fez uma ressalva, dizendo que é preciso discutir o assunto com cautela. “Sou a favor [do fim do fato previdenciário]. Nós falamos nisso. É um ponto de desequilíbrio se ele vier a ser eliminado de uma hora para outra. Creio que precisamos caminhar. Sem ter um diagnóstico, não teremos condições de anunciar grandes mudanças.”

O fator previdenciário é um mecanismo que inibe a aposentadoria apenas por tempo de contribuição, antes da idade mínima de 60 anos (para mulheres) ou 65 anos (para homens). Quanto menor é a idade no momento da aposentadoria, maior é o redutor do benefício.

Estimativas indicam que o fim do fator provocaria um rombo que poderá chegar a R$ 40 bilhões anuais. No primeiro ano, o fim da regra de cálculo significaria um aumento de gastos no valor de R$ 4 bilhões.

Sobre a necessidade de se fazer uma reforma na Previdência, Garibaldi Alves disse que o mais urgente é concretizar uma “reforma de gestão”. No entanto, afirmou que será preciso estudar mudanças capazes de reduzir o déficit na Previdência. “Uma reforma de gestão, eu sou favorável. A reforma da legislação, essa que é mais complexa, isso temos que estudar melhor”, disse.
Fonte: TN

Um comentário: