quinta-feira, 25 de março de 2010

SERTANEJOS - ESPERANÇA PERMANENTE FÉ E DESIGUALDADE



Passei praticamente uma semana ausente da blogosfera. Estive na região central no fim de semana, onde visitei Lajes, Fernando Pedroza, Angicos e Santana do Matos. E durante a semana instalando novo computador, tentando acompanhar o avanço tecnológico. No sábado estive na colônia de pesca Z-61 em Santana, onde constatei em funcionamento a nova sede dos pescadores. O presidente da colônia Magnus José dos Santos (DEM), que é vereador e presidente da câmara, mostrava em planilha as 10 toneladas de peixes pescados no último mês e que permaneceria esses números até a chegada das chuvas.

O vice-presidente da instituição dos pescadores José Sobrinho da Silva (Zé Borges) distribuindo cota de peixes, feijão preto e farinha ao pessoal cadastrado pelo programa fome zero em pleno sábado, dia de São José, foi o que vi com olhos de análise a connfirmar ações plenas de Assistência Social.

A noite estive no Distrito de São José da Passagem, recôncavo no pé da serra de Santana, ainda isolado em uma das regiões mais áridas do Rio Grande do Norte e que ainda permanece com seus acessos em estradas de barro. Subindo a serra de Santana até Cerro Corá são 30 km de poeira. Para a sede do município são 43 km com 18 de barro ou 60 km para Lajes com três léguas nas mesmas condições sem asfalto.

No sábado à noite, 19 de março - dia de São José, o Distrito comemorou sua data maior com muitas homenagens ao seu padroeiro. Durante toda a semana comemorações religiosas e festivas. No sábado o encerramento com missa, apresentação da banda de música de Santana do Matos, leilão e baile com muito forró.

O sertanejo da região, tradicionalmente tem como a última esperança de chuvas para o ano em curso, o mês de março com data máxima, o dia 19. Como uma sinfonia os sentimentos se unem: a fé que fortalece o espírito, que dar ânimo ao corpo, quando a esperança implora, a necessidade grita, as dificuldades afloram, então, os sertanejos as enfrentam com firmeza e dignidade. Lamúrias desgostadas pelas enfadonhas tristezas da pobreza específica de uma região, mesmo assim, resistimos, somos citados de fortes pela resignação e perseverança de permanecermos isolados como entrincheirados defendendo valores dos nossos antepassados.

Todos os anos temos visitantes ilustres. Senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores, lideranças, representantes de comunidades, todos expressando seus sentimentos de fé, e pedidos de graças a São José. 2010, ano de eleição, por acaso outros objetivos poderão ser demonstrados por sorrisos, confiança, desconfiança e definições. O sertanejo tudo acompanha com sua sabedoria matuta e conhecedor de sua fraqueza dissimulada.

E o milagre se faz, se sente, se almeja, não só pela fé mas pelo que se deseja. Homens públicos com ações vetoriais a esse quadro pintado e bordado por grandes artistas, retratando a miséria, do homem nordestino, da nossa gente, as vezes aparecem. E em ladainha poderíamos afirmar, por décadas em milagres estamos a esperar. E só queríamos aprender a pescar, a retomar o plantio, a fomentar os potenciais, a empreender com tecnologia a agropecuária.

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