quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Espaço Opiniões

As marcas da censura no Brasil
( por Modesto Batista )

Dia 31 de março de 1964 o início dos anos de chumbo com repressões, mortes e noites escuras... O direito de livre expressão afogado na pré-censura e na cede de poder dos ditadores daquela época, assim caminhava a humanidade brasileira: Se devorando... Cicatrizes profundas, marcas e deformações foram deixadas pela repressão da censura implantada no país nos anos negros da ditadura militar.
Bancas de jornais sendo explodidas pela madrugada eram fatos freqüentes executados pela ditadura, apenas para inibir a circulação do bravo jornal da década de 70 o “Pasquim” que exibia as entranhas podres da ditadura militar sem maquiagem e com uma inteligência notável e lendária. Tornando-se assim o mais contundente e influente jornal de oposição a ditadura no país, sendo o porta-voz da indignação social brasileira.

A verdade sufocada de 1964 a 1985 levou aos jornalistas, intelectuais e artistas do final daquela época a tendência de explodir intelectualmente exibindo criticas sociais e políticas aos dirigentes da nação, músicas que diziam “Brasil mostra a sua cara eu quero ver quem paga pra gente ficar assim, Brasil qual o seu negócio o nome do seu sócio, confia em mim. Grande pátria ‘desimportante’ em nenhum instante eu vou te trair” cantada por Cazuza refletia a rebeldia que há muito tempo queria explodir no coração dos brasileiros.

A indagação feita pelo cantor e compositor líder da lendária banda Legião Urbana, Renato Russo significava a indignação e a fúria causada por anos de repressão. “Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado, ninguém respeita a constituição, mas todos acreditam no futuro da nação: que país é esse?” Esta pergunta perdura até hoje nos subúrbios de todo país e a classe menos privilegiada continua se perguntando e cantando: “que país é esse”? Os anos se passaram e a população foi se esquecendo da ditadura militar a ponto de pensar que a cultura não foi marcada pelos anos escuros de assassinatos e repressões.

O jornalismo de oposição como o do jornalista Carlos Lacerda nos “saudosos” tempos que compartilhava de ideais comunistas foi caindo no esquecimento e os jornais de hoje com plena democracia e liberdade não usam este livre-arbítrio de forma veemente para deflagrar golpes contra os esquemas sujos e torpes que acontecem na ilha da fantasia apelidada de Brasília e no resto deste imenso e banal mundo chamado Brasil. Nos balcões de negócios sujos emporcalhados com a pratica da venda, do caráter e da dignidade o país continua se afogando no mar de lama, sem previsão de emergir deste lamaçal.

A sociedade foi bombardeada nos últimos anos por escândalos e mais escândalos, o governo de Fernando Henrique Cardoso com seus abafadores encobriram muitos casos, mas mesmo assim ainda se tinha conhecimento da corrupção do governo. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi considerado o mais corrupto de toda a história do Brasil ou se não foi o mais, no entanto foi um dos mais sujos – tendo como prova a corja de corruptos que ladeavam e ladeiam o presidente.

Este bombardeio de desordens e escândalos colocando sempre em xeque-mate a dignidade e a nobreza dos “diretores” que coordenam a nação acabou atingindo neurologicamente os cidadãos brasileiros a ponto de tantos escândalos não causarem mais nem indignação. A freqüência e o exagero da corrupção tornaram a sociedade passiva e letárgica, sem ação e sem força para mobilizar-se contra a corrupção e seus males. Por isto os jornais contemporâneos se tornaram mais apáticos e frios, geralmente servindo de plataforma política, fazendo favores a empresários e pessoas do capital, fazendo jus ao infeliz ditado “uma mão lava a outra”.

A função do jornalismo combativo não era e nunca foi apenas uma vontade para se auto-nomear “intelectual de esquerda”, jamais foi com este intuito que os jornais bravos e dignos lutaram contra a sujeira da nação, o jornalismo combativo era e ainda é um dever do verdadeiro jornalista. Mas infelizmente a classe jornalística de hoje vem caindo em um descrédito nunca visto, o porquê é simples: Formadores de opiniões vendendo a sua formação por migalhas, usando de argumentos (mais que medíocres) para dizer que ta bom, quando se é situação, ou simplesmente dizer que ta ruim, quando se é oposição. Isso tudo contribuindo para terminar de jogar no lixo o livro da ética jornalística.

O verdadeiro jornalismo combativo tem que voltar a existir fazendo oposição responsável e expondo as tripas e entranhas da putrefação, da corrupção e da safadeza dos ladrões, desonestos, golpistas, malandros e corruptos que vestindo de terno e gravata tiram o pão da boca de milhares de famílias em todo o Brasil.

Que volte os ideais do Pasquim e que o verdadeiro jornalismo volte a pulsar no coração daqueles que compõem a Imprensa Nacional. Assim quem sabe como um soco na cara da sociedade a população brasileira, acorda, levanta e luta para em um dia de luz vencer a guerra.
Modesto Batista
Escritor e poeta

Um comentário:

  1. Muito bom... "Jaborzinho".

    Não vejo jovens escreverem desta forma ai no Rio Grande do Norte, na verdade não vejo nem os "medalhões" consagrados pela grande imprensa como os "melhores" escreverem tão bem.

    Parabéns.

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